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Este fascículo é quase inteiramente dedicado à pronúncia do latim. A Nota de Abertura inclui uma reflexão sobre a “validade (em termos de “útil” e “actual”) dos estudos clássicos: se não são úteis nem interessam ao homem actual, ou se, do ponto de vista pragmático, podemos substituí-los com vantagem, para quê então insistir em mantê-los a todo o custo no nosso sistema de ensino? Apenas para conservar a tradição... ou os nossos empregos? “Estamos convencidos de que, na moderna sociedade, o estudo da cultura, das línguas e literaturas clássicas já não deve ocupar a posição que noutros tempos se justificaria. Mas que lugar lhe cabe ainda (se cabe)?
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“Não vamos tocar na velha tecla de que o grego e o latim têm um valor formativo e humanístico insubstituível. Na verdade, uma tal afirmação reflecte uma certa morbidez idealista, e defendê-la é correr o risco de cair no ridículo... o que não quer dizer que neguemos aos estudos clássicos largas possibilidades formativas, que, no fundo, ainda não foram esgotados. “Para além deste aspecto, a nossa defesa dos estudos clássicos assenta em bases mais objectivas: elas são, agora sim, insubstituíveis em vários ramos da actividade científica, como, por exemplo, História (medieval portuguesa... e não apenas), Epigrafia, Arqueologia, Filosofia, Linguística, Literatura (e não só da época “humanística”), para não mencionarmos outros talvez discutíveis. “Em qualquer destes ramos, o investigador tem obrigação de, pelo menos normalmente, se bastar a si próprio quando trabalha com documentos escritos em latim (ou grego...). (...)
“Como se vê, não pedimos a lua, mas apenas uma reforma de vistas largas, a qual, sem obrigar toda a gente a estudar latim e/ou grego, a muitos dê, efectivamente (...), a liberdade de escolherem uma disciplina indispensável cultural e profissionalmente.”
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Cecília Goucha Soares
Custódio Magueijo
José Pires da Cruz
Rosa Maria Perez
Victor Jabouille